Archive for the ‘Pensamentos’ Category

Dr. Manhattan deveria realmente se importar com a humanidade?

25 março, 2009

Depois do hiato de alguns meses sem postar, a vontade de escrever voltou. Só que não queria voltar com “qualquer post”. Faltava portanto, achar algo sobre o que escrever (e arrumar um pouco de tempo).

Pois bem, eu arrumei sobre o que escrever quando meu irmão, semanas atrás, me passou esse link: http://www.cineinsite.com.br/filme/filme-comentarios.php?id_filme=34185.

E como hoje estou com tempo pra escrever, lá vai.

O link acima pertence ao Cineinsite site de cinema e entretenimento do maior jornal de Salvador. Neste site, assim como no IMDB, os leitores têm a possibilidade de dar notas e fazer comentários a respeito dos filmes. Péssima idéia.

O link, no caso, refere-se à “galeria de notas e opiniões” de “Watchmen – O Filme“.

Bem, antes de mais nada, eu devo dizer que eu não considero Watchmen  um grande filme. Li a HQ antes de assistí-lo, e assim como meu camarada Alexandre Esposito, reconheci o “esforço” do Zack Snyder em tentar preservar as coisas mais importantes da história, mas acredito que no final, ele não passa de um filme medíocre com uma excelente estória.

Mas não estou escrevendo hoje pra comentar a respeito do filme, e sim, do público do filme. Isso, porque mesmo sabendo que este filme não é “grandes coisas”, não pude evitar um misto de choque e diversão (sim, é tragicômico) ao ler os comentários postados no link que coloquei acima. Em geral, pessoas que desconheciam a história da HQ criticando fortemente o filme.

Selecionei alguns dos melhores para colocar aqui,  acompanhados dos meus devidos comentários, em azul. Vejamos:

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Evandro: Não gostei!!! Horrivel!!! Pouca ação, pouca emoção, dialogos muito longos, cansativo ao extrmo… Não gostei mesmo!!! O traile parece de outro filme.

Comentário: O Evandro foi tapeado pelo trailer. Deve ter ficado chateado porque viu menos SLOW MOTIOOOOOOOOONS do que esperava. Acredito que se ele pudesse, cortaria 40 min. de diálogos e deixaria só as lutas no filme, provavelmente.

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Ícaro: Nao vale a pena assisitr nem mesmo pelos efeitos especiais, achei o filme sem sentido e sem graça. Mais um trailer que me engana! rsrsrs perdi 15 reais! ; P

Comentário: Ô loco, nem os efeitos especiais agradaram. Malditos diretores de hoje em dia que ficam viajando em “arte” e fazendo filmes com poucos efeitos especiais! E poucas cenas de ação! O que eles têm na cabeça? Será que eles não sabem que o cinema foi feito para entreter adolescentes com cenas de porrada interruptas? Burros.

Tem mais:

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Ensaio sobre a cegueira – uma breve análise

23 setembro, 2008

 

Na semana passada, eu assisti a versão do Fernando Meirelles do livro do Saramago, Ensaio Sobre a Cegueira. Desde então, o filme me trouxe tantos questionamentos que me sinto compelido a escrever a respeito, tanto que cheguei a comentar que o faria lá no Vida Ordinária. Me entregarei portanto, agora, à dura missão de tentar analisar (ainda que brevemente) esse filme, que trás consigo milhares de questões complexas a respeito de nós mesmos e da nossa sociedade, gerando trocentas interpretações diferentes para a cegueira dos personagens.

Como já devo ter deixado claro no texto acima, não li o livro (ainda). Mas mesmo sem ter como comprovar, acredito que o Meirelles fez um bom trabalho ao transcrever a obra para esta outra mídia, e acredito, conseguiu trazer consigo os principais questionamentos do livro (bom, o Saramago concorda comigo).

Tentarei fazer algo no mesmo esquema que fiz com Wall-E: portanto, não se trata de uma crítica do filme, e sim de uma análise dos seus pontos mais relevantes (seguindo minha opinião e interpretação, obviamente). Mas vamos lá:

A Cegueira Branca

Logo no início do filme, vemos um personagem sendo “atacado”, de súbito, por uma estranha forma de cegueira. De repente, sua visão turva, mas, ao invés de simplesmente deixar de enxergar (e passar a enxergar tudo preto, como uma cegueira “comum” faria), tem sua visão mergulhada em um mar branco sem fim. (continue lendo) (more…)

Turma da Mônica Jovem

3 setembro, 2008

Não pretendo me alongar muito sobre o assunto, já que não cheguei a ler a revista número 1. Só dar umas pequenas impressões a respeito do que li e vi a respeito deles.

Pra quem ainda não sabe, a Maurício de Souza Produções lançou recentemente a Turma da Mônica Jovem. Que nada mais é do que uma versão adolescente da já conhecida turminha do bairro do limoeiro. “Versão adolescente”? Sim. E as mudanças vão muito além disso.

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Reflexões acerca de WALL•E

1 julho, 2008

Que WALL•E é maravilhoso, todo mundo (que assistiu) sabe. Mistura de fantasia tipicamente “Disneyana” e ficção científica, é o melhor filme da Pixar e um dos melhores filmes do ano com certeza.

O fato é que além de ser um filme extremamente agradável, daqueles que dão ataque de “awww” e “nhóóóó” durante a exibição, WALL•E é um filme que, apesar de ser infantil, traz consigo algumas reflexões acerca da sociedade atual e do seu “way of life”, além de algumas liçõezinhas para as crianças.

Sendo assim, ao invés de fazer uma crítica ou analisar o filme, falarei brevemente sobre estas reflexões neste post. Pois como o pessoal do Discreto Blog da Burguesia e do Vida Ordinária disse, não há muito o que dizer sobre esse filme que não já tenha sido dito. E reforçando o que eles disseram: se você ainda não assistiu, faça o favor de assistir agora.

ATENÇÃO: A PARTIR DAQUI IRÃO APARECER VEZ OU OUTRA SPOILERS (INCLUSIVE DO FINAL DO FILME). SÓ PROSSIGA SE JÁ TIVER ASSISTIDO O FILME, OU SE NÃO LIGAR DE SABER DETALHES DO MESMO.

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O colonialismo não acabou

18 junho, 2008

Vivemos em uma sociedade estranha. Ao mesmo tempo em que buscamos uma “globalização” e encurtamos as distâncias entre países, criamos barreiras “invisíveis” entre diferentes povos ou classes sociais.

Dois exemplos deste distanciamento. Uma notícia de ontem e uma de hoje:

Favelas são tratadas como senzalas, mato e quarto de empregada – A cientista social Silvia Ramos comenta o recente “incidente” com homens do exército, que entregaram 3 rapazes de uma favela para traficantes de um grupo rival, que obviamente os assassinou. Aliás, Silvia Ramos é bastante feliz na sua comparação, até por colocar o “quarto de empregada” no mesmo grupo que a senzala. Se pararmos pra pensar, a própria existência do quarto de empregada em residências brasileiras já é uma herança dos tempos de senzala (já que, até onde eu sei, este cômodo não existe em residências de países mais desenvolvidos).

Parlamento Europeu aprova lei que facilita expulsão de imigrantes – Depois que se aproveitaram da mão-de-obra barata dos imigrantes, os Europeus começaram a ficar incomodados com aquela gente enfeiando as suas ruas (ainda que sejam úteis para as seleções de futebol nacionais, a França que o diga). O resultado está aí.

O fato é que desde os “tempos modernos”, pós-navegações e principalmente pós-revolução industrial, fomos acostumados a raciocinar de forma “colonialista”. Mas não se desesperem achando que vou dar aula de história aqui. Eu explico.

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Humanidade, wtf? (2) – Preconceitos e racismo

28 maio, 2008

A minha idéia quando fiz este post não era fazer uma continuação pra ele, mas ela tornou-se necessária nos últimos dias.

Assim como naquele post, esse será pessimista e irritado. Que me desculpem os otimistas, mas eu acho que é difícil manter uma visão otimista do mundo depois de ver certas coisas.

Ontem eu encontrei essa comunidade sobre a qual a Mari falou no post anterior. Sobre ela, poderia falar dezenas de coisas, como o domínio das marcas e grifes no inconsciente coletivo, que fazem com que pessoas de condições sociais inferiores usem produtos que fingem ser de marca simplesmente para ganhar status, para ficar mais parecido parecido possível com um playboy, criaturas que eles mesmos abominam.

Aliás, como a Mari mesmo comentou comigo ontem, o carinha lá da comunidade tenta defender a Zona Norte de Belo Horizonte dizendo que aqui as pessoas também usam produtos de marca. Patético.

Mas não é sobre isso que vou falar, e sim sobre os preconceitos/racismos que estão impregnados na sociedade e que aparecem mais claramente em comunidades como essas do orkut.

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“Qu’est-ce qu’un auteur”?

17 maio, 2008

De todas as teorias que tenho estudado na minha pós, parte das que eu acho mais interessantes se referem às teorias de autor.

Repetindo a pergunta em francês (título do post) feita por Michel Focault (aquele mesmo que os playboys estudam em Tropa de Elite): “o que é um autor”? A priori, todos teremos a tendência de responder aquelas coisas de sempre: é o “pai” da obra, aquele que gera a obra, etc e tal.

Pois bem, desde meados do século XX que a coisa não é vista exatamente dessa forma (ainda que nos colégios a noção de autor como “dono da obra” ainda seja ensinada). Segundo franceses maneiros – Barthes, Focault, etc – o autor morreu. Assim que sua obra fica pronta, ele deixa de existir. Entenda-se como obra não somente os textos literários, mas também as músicas, filmes, etc.

Explico: a partir do momento que se concebe uma obra, e que esta passa a ser interpretada pelo leitor, o autor deixa de existir como “autoridade” dona do sentido da obra. Sua existência se resume ao “modo de ser do discurso” (o “estilão” de cada um: aquela coisa dos “textos kafkanianos”, “textos shakesperianos”), e não como “dono da obra“. O autor, para esses filósofos, não seria nada mais do que o estilo de cada um. De forma que é possível identificar a autoria de várias obras de arte simplesmente reconhecendo o estilo do autor que as elaborou.

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